O estabelecimento do sistema colonial em África (1885 até ao inicio da I Guerra Mundial), terceira aula de História 10ª classe

O estabelecimento do sistema colonial em África (1885 até ao inicio da I Guerra Mundial)

1.O estabelecimento do sistema colonial em África (1885 até ao inicio da I Guerra Mundial)


1.1.Instalação do sistema de dominação colonial e a resistência africana:

 

As potências europeias que tomaram o continente africano após a conferência de Berlim. Até 1935, o colonialismo estava implantado em quase toda a África onde ingleses, franceses, espanhóis, belgas, alemães e portugueses, entre 1885 e 1935, conseguiram dominar territórios recorrendo tanto à diplomacia como à acção militar e a processos económicos. Desde então, cada potência colonial instalou um sistema de administração próprio, à medida das suas capacidades financeiras e conforme os recursos humanos e militares de que dispunha. O tempo real da permanência do colonialismo em África pode-se resumir a cerca de um século, desde 1885 a 1990, período que alterou significativamente a vida nesse continente.

Assim o processo de partilha e ocupação em África realizou-se da seguinte forma:

a)Ocupação colonial francesa (1830):

 

- Ocupa a Argélia e a Tunísia, África Ocidental francesa (Mali, Costa do Marfim, Níger, Burkina Faso, Benin, Mauritânia, Guiné Conacri e Senegal), África Equatorial francesa (Congo, Gabão, República Centro Africana e Chade);

b)Ocupação belga:

 

– A Bélgica usou a Sociedade Internacional Africana, a Sociedade Geográfica de Bruxelas e o Comité de Estudos do Congo para a ocupação do Congo (Zaire);

c)Ocupação inglesa:

 

– A Inglaterra comprou Cabo da Boa Esperança à Holanda em 1815, na África do Sul. A ocupação inglesa provocou a Guerra Anglo-Boer entre 1899-1902. Conquistou o Canal de Suez no Egipto, construído pelos franceses e egípcios entre 1859, Niassalândia (Malawi), Suazilândia, Lesotho e Botswana;

d)Ocupação portuguesa:

 

– Conquistou a Guiné, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo
Verde e Angola. Entrou em choques com os ingleses pelo projecto Mapa Cor-de-rosa que ligaria Moçambique à Angola, contrariando o plano de Cecil Rhodes que queria ligar o Cabo na África do Sul ao Cairo no Egipto. Os ingleses deram um ultimato aos portugueses para
abandonarem o projecto;

e)Ocupação alemã:\

– Teve poucos territórios coloniais pela sua unificação tardia, tal como aconteceu com a Itália. Por isso, ambicionava as colónias das outras potências. Conquistou o Togo, a Namibia, o Ruanda, o Burundi e a Tanzania;

f)Ocupação italiana:

 

– Ocupou a Eritreia, Somália italiana e a Líbia.

 

Partilha do continente africano pelas potências europeias


Fig.5-Partilha do continente africano pelas potências europeias


1.2.As resistências africanas e suas características: exemplo da revolta de Báruè


I.A revolta de Báruè de 1917:

 

No centro de Moçambique, na província de Manica, no Estado de Báruè, registou-se a mais temida e prolongada resistência à dominação colonial – a resistência de Báruè. O reino de Báruè era poderoso e de grande capacidade militar que tinha conseguido resistir às invasões Nguni e as constantes disputas com os estados militares.
As forças militares de Báruè eram comandadas por oficiais corajosos, como Macombe Hanga, Mafunda, Cambemba, Canderere, Makossa, Mbuya e Nongwe-Nongwe.


Em 1914, o governo português mandou construir uma estrada ligando Tete à Macequece, passando por terras de Báruè para o controle administrativo das zonas do interior e, igualmente um recrutamento de homens para lutar contra os alemães que haviam penetrado em Moçambique pelo Norte vindos de Tanganhica (então colónia alemã). O empreendimento conduz ao recrutamento de milhares de camponeses, que foram submetidos a um regime de trabalho forçado.

As causas da revolta de Báruè foram: trabalho forçado; crescente aumento de impostos; as ingerências económicas; aplicação de maus tratos contra os nativos de Báruè (trabalhos forçados sem descanso e sem remuneração e violação das raparigas).


Em 1916 o governo colonial português decidiu recrutar cinco mil soldados e carregadores para a guerra contra os alemães. Devido as dificuldades e a resistência da população, as autoridades coloniais ordenaram o recrutamento forçado para o exército todos os homens
considerados capazes. A revolta de Báruè foi sufocada quando Portugal pediu ajuda ao povo Angune, tradicionalmente guerreiro e com auxilio militar da então Rodésia e Niassalândia, em Novembro de 1920, conseguiu controlar a revolta de Báruè.

 

Guerreiros na revolta de Báruè



Fig.01-Guerreiros na revolta de Báruè


Em África, as resistências manifestaram-se de maneiras diferentes. Em algumas regiões foram armadas e noutras foram pacíficas. Tudo dependia da capacidade político-militar de cada reino. Observa a imagem ao lado, esses foram os guerrilheiros de Báruè que optaram pela resistência armada.

Exemplo:


As resistências armadas verificaram-se nos reinos Zulu, Ndembeles e Bembas e as resistências pacíficas ocorreram nos reinos Sotho, Tswanas e Swazis.

*Resistência armada:

 

– Verificava-se nos reinos com capacidade político-militar forte queNdominavam as terras mais férteis e ricas em recursos naturais. Uma das formas de luta que utilizaram era de fechar as rotas de caravanas que passavam pelo território e as guerrilhas.

*Resistência pacífica:

 

– Caracterizava-se pela negociação de tratados de protecção entre reinos africanos e potências europeias.
Por estes tratados, os chefes africanos reduziram a dominação estrangeira, garantindo seus direitos políticos e seu prestígio junto à população do reino.

Como consequência da desigualdade tecnológica e perda dos reinos africanos por causa das divergências internas, verifica-se derrotas e humilhação.
Os reinos políticos e militarmente fortes, excepto a Etiópia, ficaram destruídos e os reinos políticos e militarmente fracos, foram preservados em formas de protectorado, que aceitaram No tratado de protecção.

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